TDAH: Saúde Mental para Transtorno de Déficit de Atenção
- nargolez
- 8 de jul.
- 3 min de leitura

Concentrar-se em uma tarefa. Controlar impulsos. Organizar a rotina. Para muitas pessoas, isso parece simples. Mas para quem vive com TDAH, essas ações exigem esforço consciente todos os dias.
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é uma condição neurológica real, muitas vezes invisível e cercada de julgamentos. Neste artigo, vamos aprofundar o entendimento sobre o transtorno, apresentar dados relevantes e mostrar caminhos de cuidado e acolhimento para quem convive com ele.
O que mostram os dados
Estudos indicam que o TDAH afeta cerca de 5% da população mundial, o que representa mais de 360 milhões de pessoas, de acordo com a Organização Mundial da Saúde.
No Brasil, a estimativa é de que 2 milhões de adultos convivem com o transtorno, segundo dados da Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA). Embora o diagnóstico seja mais comum na infância, o TDAH permanece ativo em aproximadamente 60 a 70% dos casos ao longo da vida adulta, impactando diretamente a qualidade de vida, a autoestima e os relacionamentos.
Entendendo o TDAH
O TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por desatenção, impulsividade e, em alguns casos, hiperatividade. Ele interfere em funções como foco, organização, controle emocional e planejamento.
Sintomas mais comuns em adultos
Dificuldade de concentração em tarefas longas
Procrastinação frequente
Sensação de desorganização mental e prática
Impulsividade em decisões, falas ou comportamentos
Dificuldade em manter rotinas e cumprir prazos
Sensação constante de frustração e ansiedade
Sintomas mais comuns em crianças
Agitação física constante
Dificuldade de seguir regras e instruções
Problemas de atenção na escola
Impulsividade nas interações sociais
Comportamentos desafiadores e baixa tolerância à espera
É importante destacar que apenas um profissional habilitado pode diagnosticar o TDAH. Sintomas isolados, como agitação ou distração, não são suficientes para confirmar o transtorno.
Causas e fatores associados
O TDAH tem origem biológica e influência genética. Pessoas com histórico familiar do transtorno têm maior probabilidade de desenvolvê-lo.
Pesquisas apontam alterações nos níveis de dopamina e noradrenalina no cérebro, além de funcionamento atípico no córtex pré-frontal, região ligada ao controle de impulsos e planejamento. Fatores ambientais, como exposição ao tabagismo ou ao estresse na gestação, também podem aumentar os riscos.
TDAH e saúde mental
Viver com TDAH não é apenas uma questão de foco. O transtorno afeta diretamente a saúde emocional e pode gerar insegurança, cansaço mental, conflitos em relacionamentos e sensação de inadequação.
É comum que pessoas com TDAH desenvolvam outras condições associadas, como:
Ansiedade generalizada
Depressão
Transtornos do sono
Baixa autoestima
Dificuldade com gestão do tempo e autocobrança excessiva
Cuidar da saúde mental nesse contexto exige compreensão, empatia e acesso a estratégias que ajudem a aliviar a pressão interna.
Caminhos para o tratamento
O tratamento mais eficaz do TDAH costuma ser multidisciplinar e individualizado. O objetivo principal é promover autonomia, regulação emocional e melhoria da qualidade de vida.
Psicoterapia
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma das abordagens mais recomendadas. Ela auxilia na reestruturação de pensamentos disfuncionais, na organização prática da rotina e na gestão da impulsividade.
Medicação
Medicamentos como metilfenidato e lisdexanfetamina, quando prescritos por psiquiatras, podem ajudar a equilibrar a atividade cerebral e melhorar o foco. Estudos apontam que até 80% dos pacientes apresentam melhora significativa com o uso adequado de medicação.
Estilo de vida
Mudanças simples também fazem diferença. Algumas sugestões:
Praticar exercícios físicos regularmente
Dormir bem e manter horários consistentes
Reduzir o consumo de açúcar e cafeína
Usar ferramentas visuais como listas, alarmes e planners
Reservar momentos de descanso e pausa real durante o dia
Praticar técnicas de respiração e atenção plena (mindfulness)
TDAH não é preguiça, nem desorganização
Muitas pessoas com TDAH ouvem frases como “é só ter foco”, “você precisa se esforçar mais” ou “pare de se distrair à toa”. Esses julgamentos reforçam a culpa, a vergonha e o isolamento.
O TDAH não é falha de caráter. É uma condição que exige compreensão, acolhimento e um ambiente que favoreça o autoconhecimento e a adaptação.
Buscar apoio profissional e entender como o próprio cérebro funciona é um passo poderoso para resgatar a autoestima e viver com mais leveza.
O TDAH é um desafio real, mas com informação, diagnóstico adequado e suporte, é possível construir uma vida produtiva, equilibrada e satisfatória.
Se você se identifica com os sintomas ou conhece alguém que enfrenta essas dificuldades, incentive a busca por avaliação e orientação. Falar sobre saúde mental é um ato de coragem e amor.
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